Agosto e Setembro. Dois meses corridos, inexplicáveis, intensos e difíceis.
Encomendas, parcerias, internet, muitos alunos e muitos projetos! Dois meses de produção e planejamento intensos. Ai, como dizem (e eu assino embaixo), quando é pra gente se atropelar, vem tudo junto, né? Lucca teve um ataque forte de Herpes oftalmológica.
Começou com uma sinusite. Segundo dia de antibiótico… pronto. Lá estava o herpes atacando a córnea dele!
Já comecei a medicá-lo com aciclovir oral e pomada. Marquei um oftalmologista aqui em Curitiba mesmo, para avaliarmos a dimensão do ataque e enfim, acompanhamento médico, pra tentarmos conter o ataque com rapidez, certo?
E aí recomecei minha “saga!… Um oftalmologista que avaliasse a dimensão do ataque, e que me instruísse. Simples? Não.
É incrível o despreparo e o descaso de alguns profissionais. Escutei muita besteira, e Lucca foi prejudicado por um oftalmologista que entendia de herpes o mesmo tanto que eu entendo de física quântica.
Cinco dias depois da primeira consulta, fizemos o retorno, nesse mesmo oftalmo. Porque eu na verdade não procurava explicações novas sobre a doença, apenas a observação da córnea e o tamanho das novas possíveis cicatrizes. O oftalmo o avaliou, disse que não tinha nada muito profundo, que poderia diminuir a aplicação da pomada e que Lucca é atacado pelo vírus por ser um “menino muito magro, deve comer só besteira, é “esmilinguido”. Tudo isso em 3 minutos de consulta.
Saimos, eu e ele, indignados. Durante a tarde e a noite, neste mesmo dia, o olho direito dele irritou demais. Doeu, coçou. Tive que colocar tampão, ele ficou muito nervoso e com os dois olhos muito irritados e doídos. “Usando” apenas o olho esquerdo, o que tem o herpes, ele disse que estava vendo tudo embaçado e que preferia então, dormir.
Eu fiquei arrasada, destruída e preocupada. Como assim os dois olhos com problemas? Como assim vendo embaçado? No dia seguinte acordamos super cedo e fomos ao Hospital de Olhos do Paraná. Na crise mais forte que Lucca teve, em 2010, já tinhamos ido até lá e fomos atendidas por uma médica que prefiro nem lembrar ou mencionar… mas enfim, voltamos, era emergência!
Fomos prontamente atendidos e … Lucca, além do herpes no olho esquerdo, estava com uma ceratite difusa no olho direito!!
Antibiótico. O herpes estava começando a recuar, deixando as lamentáveis cicatrizes.
Fomos encaminhados à um especialista, seguimos as instruções e enfim, verificamos, 9 dias depois dessa consulta e 13 dias depois do início da crise, como estavam os olhos desse guerreirinho!
Olho direito ok. Olho esquerdo com várias cicatrizes e visão periférica ok. Mas com sequelas, somando todas as vezes que o herpes se fez presente no olhinho dele, deixando a visão embaçada, difícil. A aquidade visual dele estava 20/100.
Foi examinado detalhadamente, por um profissional atencioso, e competente, finalmente.
Agora estamos fazendo um tratamento profilático com aciclovir, diariamente, por tempo indeterminado, no mínimo um ano. E colírio anti-alérgico para evitarmos irritação nos dois olhos, uso diário e contínuo.
Daqui 12 dias retornamos ao médico, para reavaliarmos e conversarmos sobre o uso de um óculos que ajude e amenize as sequelas do olhinho direito.
E de tudo isso, eu posso dizer algumas coisas:
Primeiro que meu filho é um exemplo. De superação. De adaptação. De “abstração”, de vida.
Eu não ouvi uma reclamação, nenhuma palavra negativa, nem revolta. Nada. Isso em meio a uma dor intensa.Claro que nos momentos em que eu aplicava a pomada (diretamente na córnea), ele chorava, gritava, se debatia e extravasava a dor que sentia. Mas só. Passando a dor, ele comemorava o momento em que conseguia tirar o tampão, e corria aproveitar a vidinha que ele tanto ama.
Segundo que eu tenho amigos incríveis. Sempre. Eu e Lucca agradecemos cada ligação, cada mensagem. AS visitas, as indicações e principalmente, o carinho.
E por fim que, de tropeços em tropeços, em meio à atropelos, empurrões e “solavancos” da vida, entre lágrimas e sorrisos, despesperos e confiança, aprendo e entendo que a vida é o que a gente luta. Que o amor é escudo, e que, quando meu filho me diz “não mãe, jamais eu trocaria de olhos com você, não quero que você sinta essa dor nunca, não fale mais isso”, eu não preciso de absolutamente mais nada, e tudo, como que num relance, passa a valer a pena, pois eu tenho um tesouro incrível que é meu motivo, meu tudo.
Bjs
Van
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