Recebi uma encomenda muito especial, há pouco mais de um mês: organizar todas as fotos de um casal que estaria completando 15 anos de casados.
Foram quase 240 fotos. Ela queria presentear o marido, no dia do aniversário de casamento deles.
Foi muito legal e envolvente produzir o álbum. Fiz em formato 30×30, com todos os recadinhos de amor trocados entre eles, cartões, cartas, postais, lembranças… A esposa, Zete, minha podóloga, se esmerou nas informações. Letras de músicas, fotos significativas, e uma linda carta de amor, linda, de chorar!
O álbum ficou lindo. Perfeito, enorme! Eu amei! Me envolvi muito e aprendi a admirar o casal. Uma história linda de amor e superação. Falei isso tudo pra ela no dia em que entreguei o álbum pronto. Ela ficou super feliz. Tenho certeza que ela nao esperava que ficaria tão lindo, tão especial, foi muito legal ver sua reação, ver os olhos brilhando, a satisfação! Muito bom.
Ela entregou o álbum no dia seguinte, 26 de Fevereiro. Ele amou. Folheram o álbum juntos, comemoraram os 15 anos… As fotos todas organizadas, muito legal! E eu fiquei satisfeita com meu trabalho.
Na semana seguinte eu viajei, e no retorno, encontraria com a Zete para devolver algumas fotos que nao foram utilizadas, pegar uma parte do pagamento e umas canetas que emprestei pra elas escrever algumas coisas a mais em algumas páginas….
E aí que vem a minha maior surpresa, indignação talvez, um choque com a vida, com a minha própria vida.
Zete faleceu. Exatamente 1 semana depois de completar 15 anos com seu marido. Uma complicação inesperada numa cirurgia que seria simples demais, daquelas só pra ‘corrigir alguma coisinha’, que nem precisava fazer agora, mas que ela agendou e fez….
Fui ao encontro dela, e eis que ela… nao existe mais? Como assim? Ainda estou muito chocada, embasbacada com a vida, com a rasteira que a gente leva, com nossa arrogancia em achar que temos controle de tudo, quando na verdade, somos nada.
O peso do álbum mudou completamente. Parece que foi uma despedida. Ela organizou tudo, escreveu uma carta de amor lindíssima, presenteou seu amado, e foi embora…
Eu ainda preciso entrar em contato com eles, pra devolver a bolsa com as fotos nao usadas, que ainda está comigo… e sinceramente, assim como nao sei mais o que escrever aqui, nao sei o que dizer pra ele também… Espero e oro para que ele seja consolado, e para que nós, meros mortais, tenhamos consciência de que amanhã poderemos nao estar mais aqui… Que nossa vida pode acabar hoje, do nada… por mais sonhos e planos que façamos.
E a gente deixa a vida passar como areia no meio das nossas mãos. Rompemos amizades por bobeiras infâmes, ofendemos por um orgulho podre, deixamos de amar, deixamos a vida passar… talvez precisássemos entender essa ‘pressa’ necessária para se viver… de fazer hoje, de consertar hoje, de amar e dizer que se ama, hoje! Amanhã talvez eu ou você nao existamos mais… e aí, nada mais pode ser feito.
Aprendi muito nesses dias, e tenho pensado muito. E percebido muito o quanto a vida tem ‘escorrido’ no meio das minhas mãos, e o quanto eu preciso vivê-la!
Eis algumas fotos do álbum:
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